terça-feira, 5 de maio de 2009

Monólogo de uma cama(mulher) desforrada.


Sou tratada a leite e mel como imperatriz,
Destratada e jogada à própria sorte como serva.
Atuo em pornochanchadas como meretriz,
E sou envenenada pela mais poderosa erva.

Algumas vezes simulo prazer, outras, indiferente,
Queimo e esfrio como lava de encontro ao mar.
Finjo não querer nada, sou tola, inconseqüente...
E sofro velada por alguém que não sabe chorar.

Posso escolher vários papéis, mas não sei qual,
Virgem Maria, Druuna, Vênus ou Barbarella?
Durante a noite sou deusa, mas amanheço mortal.
Tenho tudo nas mãos e no fim sou apenas “aquela”.

Me visto e me dispo de várias mantas.
Amo, sou amada e quebro encantos,
Ganho batalhas e perco outras tantas...
Viro bicho, uivo pra lua e causo espanto.

Renasço das cinzas como fênix,
Gargalho iluminada como o dia
Brilho como estátua talhada em ônix
Não por orgasmo, mas sim pela poesia.

Vegetando...

As folhas caem...
Caem e o soterram em um eterno outono.
Jamais irão parar de cair, se você deixar...
Soterre-me em tua densa seiva e me deixe feito estátua vitrificada em âmbar!
Admire-me em meu novo layout sensualmente amórfico!
Se desejar...
E que escorra clorofila de minha boca se um dia jurei teu santo nome em vão!
Meu caro, minhas raízes são tão profundas quanto tua idiossincrasia, por isso caio e te faço tropeçar.
Mas não me culpe, pois se padeço é por teu solo pobre em nutrientes.
Só peço pra que não me inclua em teus planos, pois já passei dos galhos das idéias férteis, distribuídas em grãos.
Pois a mim não importam teus fortes rebentos embebidos em látex.
Plasticamente orgânico...