As putas já começam a fazer o balanço da Saturday night e os boêmios fazem o caminho de volta pra suas tumbas.
Na estrada a bruma densa insiste na inútil tentativa de fazer a noite durar um pouco mais.
Uma pena não conseguir...
As luzes da estrada passam em flashes sobre as nossas cabeças.
São as luzes da ribalta, que logo vão se acabar, pois o show já acabou e o que restou foi mais um sentimento inútil de inevitável ciclicidade.
Mais uma ou duas ultrapassagens proibidas, dois faróis vermelhos...
Papai acha que códigos de trânsito antes das seis da manhã são mera formalidade.
E lá vai eu rumo a outra jornada!
Este é o prelúdio de mais um domingo...
Mais um domingo não guardado a Deus.
E depois, receio que vossa onisciência não esteja perdendo grande coisa, confesso, tampouco eu.
Temos muito em comum.
Fora a tal história da imagem e da semelhança, certa inclinação para dançar em volta do próprio eixo.
E sim, temos a certeza de nunca chegar a lugar algum e que nos mantemos em movimento só porque podemos, e isso é tudo.
Destruir, e com os destroços construir...
Recriar ad infinitum...
Acho que Deus tem um quê de anarquista, mas essa já não é um conversa pra um domingo comum.
Voltemos à dança do círculo.